O gosto pelas rimas…
Ao perguntar como tudo começou explicou-se, com satisfação, desta forma: - Eu não sei explicar – disse em primeira mão. Eu andei na Escola Industrial Afonso Domingues, em Lisboa, estava no 4º ano, faltava-me apenas um ano para terminar o curso. Nasceu-me esta ideia uma vez que estava a ver televisão, fui buscar uma caneta e comecei a escrever e a desenhar.
- A desenhar? - Interrogámos.
- Sim, tinha aulas de desenho, não é?! Apanhei um 17! - respondeu a sorrir.
Depois disso, nasceu, espontaneamente, o bichinho pelas rimas, a ideia vinha-me à cabeça e eu escrevia…Também, enquanto lavava a loiça, fazia versos que deixavam a minha mãe emocionada comigo, vinham-lhe as lágrimas aos olhos. Depois, conforme pensava comecei a escrever e tenho um livro de versos.
A minha primeira fonte de inspiração foi a Virgem Maria, a quem dediquei os meus primeiros versos. Depois, dediquei-os aos meus pais e às minhas irmãs mais novas. O que pensava, exteriorizava tudo através de rimas.
Mais tarde, tinha eu já os meus 60 anos, o médico que me operou o coração olhou para os meus versos e disse “Oh! mas isto é digno de um lugar de destaque”. Eu não ligava importância nenhuma ao que escrevia, mas fiquei muito contente e admirada com as suas palavras. No dia seguinte, trouxe um gravador e pediu-me para declamá-los.
Hoje estou no Lar de Amieira do Tejo e conservo o livro dos meus versos comigo, no meu quarto.
Á VIRGEM MARIA
Perdoa-me ó Virgem Mãe,
Os meus versos pobrezinhos,
São feitos com muito amor,
Alegria, fé e carinho.
Alegria por ter nascido,
Fé porque te hei-de encontrar,
Carinho é o que me dás,
Quando aos outros sei amar.
Desprende-me deste mundo,
Me agarre ao Teu com amor,
Que eu saiba merecer o Céu,
Junto de Nosso Senhor.
Ó Virgem Imaculada,
Mãe do Céu e Mãe da Terra,
Protegei as criancinhas,
Livrai-as também da guerra.
***
ÀS MINHAS IRMÃS LILI E RAQUELINHA
Criei-as com muito amor
Com estrema dedicação
Não andaram no meu ventre
Mas sim no meu coração.
Com o meu colo pequenino
Dava-lhes o meu calor
Beijos, abraços, papinhas
Bebés lindos, um amor.
Só que não tinha maminhas
Para lhes dar os seus leitinhos
Encostava-as ao meu peito
Dava-lhes muitos beijinhos.
Quando as ia deitar
Que belo o seu embalar
Contava-lhes esta canção
Punha-as logo a dormitar.
Ó papão vai-te embora,
De cima deste telhado,
Deixa dormir as meninas,
O soninho descansado.